11.11.2006

HOMEM DA LUA

9.22.2006

LIFE IS A PIGSTY

Ele acordava todos os dias com a noção de que o mundo iria acabar a qualquer instante. E não queria estar fisicamente presente quando isso acontecesse. Acordava como se não existisse nada mais a não ser os sonhos que se tem quando se dorme. E surpreso pressentia que o seu castigo iria durar eternamente, ainda que pontual e efemeramente todos os dias atenuado por uns momentos de descanso. Se a tortura for muito intensa, corre-se o risco de matar o torturado. E aí, a tortura acaba.

9.08.2006


O Morrissey é um tipo que tem a sua graça. Basta ver a sua canção “I have forgiven Jesus” para o constatar. Nós os pessimistas só nos sentimos bem ao som de versos angustiantes e até desesperantes. Parece que anunciam uma espécie de comunidade que diz “não estás sozinho, pá”. Dá esperança de jantaradas e tal. Este Morrissey é um tipo com a sua piada. Anda há 30 anos desesperado e completamente perdido no mundo e mesmo assim teve e continua a ter força para dizer exactamente o mesmo na sua música, variando a forma da mensagem. Só pode ser uma espécie de personagem alter ego. Como é que alguém que canta o que ele canta, ainda continua na mesma? Não fez nada para mudar? Talvez tenha atingido aquele ponto em que mudando, só para pior. Entretanto nós os ouvintes agradecemos que ele continue na mesma.


8.07.2006

MEDITACIÓN EN EL UMBRAL

No, no es la solución
tirarse bajo un tren como la Ana de Tolstoy
ni apurar el arsénico de Madame Bovary
ni aguardar en los páramos de Avila la visita
del ángel con venablo
antes de liarse el manto a la cabeza
y comenzar a actuar.

Ni concluir las leyes geométricas, contando
las vigas de la celda de castigo
como lo hizo Sor Juana. No es la solución
escribir, mientras llegan las visitas,
en la sala de esta de la fammília Austen
ni encerrarse en el ático
de alguna residencia de la Nueva Inglaterra
y soñar, con la Bíblia de los Dickinson,
debajo de una almohada de soltera.

Debe haber otro modo . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . .

Otro modo de ser humano y libre.

Otro modo de ser.
Rosario Castellanos

8.04.2006

Estádios em Angola

Não ponho em questão a paixão dos angolanos por desporto, e por futebol em particular. Nem o que haver festa significa para pessoas com vidas sem futuro ou esperança. Mas o que é que se está a pensar quando se quer fazer o campeonato de África de futebol em Angola em 2010? Não consigo mesmo entender.


FREDERICK DOUGLASS
Quando for finalmente nossa, esta libertação, esta liberdade, esta bela
e terrível coisa, necessária ao homem como o ar,
utilizável como a terra; quando ela pertencer finalmente aos nossos filhos,
quando for autenticamente instinto, matéria cerebral, diástole, sístole,
movimento reflexo; quando for finalmente ganha; quando for mais do que palavreado balofo de políticos:
este homem, este Douglass, este antigo escravo, este Negro
espancado até cair de joelhos, exilado, visionando um mundo
onde ninguém se sinta só, perseguido, proscrito,
este homem, soberbo em amor e lógica, este homem
será lembrado - oh, não com a retórica das estátuas,
não com dizeres e poemas e louros de bronze somente,
mas com as vidas nascidas da sua vida, as vidas
encarnando o seu sonho da coisa necessária e bela.
Robert Hayden

8.03.2006

Last night I dreamt that somebody loved me

E escravo. Não me é permitido enfrentar a doçura sem ser de uma forma amarga.
A arena dos lutadores. O sol dos condenados. O deserto nem sempre é um sítio agradável.

Encruzilhada

Dizer como me sinto. Pôr palavras na imensidão de uma presença constante em mim, coberto de ânsia de me exprimir, e de dar nome ao inominável. Que dizer quando todos me olham de uma forma errada e olham para uma pessoa que não lá está, porque não existe como me vêem. Fugir do mundo, esquecê-lo e não me importar com nada parece ser a única forma de caminhar. Mas custa; abandonar as teias do coração, o que criei por pessoas que não se importam que viva ou morra. É. A encruzilhada vejo bem. O que não vejo é nenhum sítio de jeito para ir.

7.14.2006

Oceanos que afastam

Tantas vezes somos avisados de que o futuro é uma coisa que se constrói no hoje e no agora, mas parece fugir essa percepção de causalidade. Ter a noção que a vida não é o que se pensava obter é a maior evidência de que nem tudo pode ser mera planificação e obtenção de resultados. Assim, na ânsia de esperar o que a vida nos reserva por vezes vamos nos deixando levar pela corrente de habituações diárias, que nos impedem de construir os nossos sonhos, não nos lembrando que para irmos em busca dos mesmos, teremos de fazer alguma coisa.

6.05.2006

Loucura interdita

Saber o que as outras pessoas pensam seria altamente dramático. Nem sempre a verdade liberta. Não estar preparado para enfrentar a realidade e encará-la de frente faz com que os pilares da vida quotidiana abanem e que muito provavelmenta caiam. E dai talvez não haver o sentido do anormal e do diferente nas pessoas. Coloca-se de parte tudo aquilo que nos escancara para o nosso próprio interior, e que não queremos saber. O salto para a loucura até seja apenas um mero passo. Até porventura o mais sonhador de nós seja o que mais rapidamente se destaca como génio. Se for aceitável no código que todos os dias lançamos em julgamento uns contra os outros, é elevado a estrela divina. Se porventura calha a desviar-se da aparência que gostaríamos de constatar está condenado a viver como um excomungado da tribo. O que vale realmente a pena nesta vida é tudo o que não tem a ver com esta vida, por assim dizer. Quem consegue encarar tudo o que acontece com o devido valor e voltar intacto e sem traumas? Não vivemos esta vida. Vivemos a sua aparência, pois de outra forma teríamos de começar o caos que a sociedade seria.

5.16.2006

Trabalhar

De um modo inseguro as pessoas olham umas para as outras no caminho do trabalho como se fossem culpadas pelo trabalho que repousa e espera por elas. Não dá para caminhar em descontracção, há uma ansiedade presente nas pessoas que efectivamente se deslocam para o trabalho. A maioria, não digo todas as pessoas, trabalham apenas por sustento. Pelos encargos que adquiriram. Nas cidades só se sobrevive trabalhando, e a maior parte do trabalho é desconstrutivo da personalidade. Mesmo que não repetitivo, até podendo ser desafiador, mas quase todo ele é desumanista. Se efectivamente houvesse possibilidade de escolha, acho que seríamos todos caçadores-recolectores. Talvez agricultores. Mas nunca escravos da sociedade. Porque se chega a um ponto em que o objectivo intrinseco do trabalho é meramente inserido e imanente à sociedade, e já não ao indivíduo. É uma espécie de doença que se caracteriza por haver duas personalidades nas pessoas, uma aquele que trabalha, e outra aquele que é o ser. As possibilidades do trabalho têm de ser transformar a sociedade em conjuntos onde as pessoas são, e não onde apenas integram qualquer coisa mais global que é.

5.10.2006

Procura-se um amigo

"Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."

Vinicius de Moraes

4.12.2006

ATITUDE

"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem."
Lya Luft , escritora brasileira

3.16.2006

A palavra que custa dizer

Na imensidade de pensamentos que contínua e inevitavelmente me martirizam à noite, antes dos sonhos, e das loucuras adquiridas pela certeza de não realização, ou a história da grandeza dos desejos impossíveis, nada mais a não ser uma coisa me desmoraliza nesse mundo de fantasia. A dor que obtenho quando aterro em voo picado. Não porque consiga mascarar o facto de ser alguém que se adia indefinidamente. Mas porque a distância entre o que se obtém e o que se procura atingir nessa espécie de bruma desafiadora é um abismo existencial. Estar tão atrás do que se quer obter. Naufrágio no meio do oceano.


3.15.2006

Colisão


Gostei do Crash. Não falando da suposta polémica sobre ter ganho o óscar de melhor filme pelo facto de Brokeback Mountain ser um filme desafiador de status quo, até porque ainda não consegui ver, creio que é um filme sobretudo intenso. Muita gente diz que não é intenso, é sobretudo bonitinho, perfeitinho, todas as peças encaixam, não há nada de desafiador. Ok, até posso concordar com isso, mas...para um cinema de qualidade é preciso romper sempre com determinado tipo de barreiras? Tem de necessariamente surpreender-nos em qualquer coisa de mirabolante? Pode acontecer mas também pode não acontecer. E na verdade este filme, apesar de tudo encaixar no sítio correspondente, foi uma pedrada no charco para mim. O facto de a temática ser a mesma em várias histórias não implica que haja apenas um momento de climax emocional, como na maior parte dos filmes. Há vários momentos sucessivos, o para mim foi uma novidade interessante.E outra coisa qe gostei bastante. L.A. pode mesmo ser um sitío qualquer ocidental. Ver o que se passou recentemente em França. Apesar de se passar em L.A. não foi por isso de certeza que ganhou o óscar de melhor filme.

Novidades

Há fases que se atravessam que realmente parecem não ter saída. Há que arranjá-la. Creio tê-lo feito. Novos desafios implicam nova energia e nova atitude.

2.16.2006

Depressão

Não tenho tido esperança no futuro. O prazer e alegria têm andado arredados da minha vida. Tenho dificuldade em tomar decisões. Perdi o interesse por coisas que dantes me extasiavam os sentidos. Sinto-me triste, sentimental e infeliz. Tou cansado em todos os momentos da minha vida. Parece que sou culpado de alguma coisa, não me consigo libertar. Sinto-me falhado. Como se estivesse fora da vida, mais irreal que concreto, mais morto, que vivo. O meu sono é uma espécie de montanha russa, passo mais tempo acordado que a dormir. Sinto-me fechado, preso. E parece que tou a ganhar peso. Pois, isto por aqui não tem andado nada bem...

1.31.2006

The Sultan



I'm sorry I had to tell you, but I'm just not big enough to forgive you, Buster.

E com palavras e frases se controem infernos e tempestades. Conciente e inconscientemente só o que eu sinto vale a pena. Se tiver de te destruir, que seja: não tive culpa do primordial, que foi apareceres na minha vida. Se tiveres de rastejar no chão para a eternidade por minha culpa, dificilmente sentirei mágoa. Porque quando olho para ti só me surgem imagens de torturas a experimentar. Chamas-me egoísta? Não me ofendes. É verdade e eu sei-o. Mais vale uma vida de egoísmo sem sal de lágrimas do que armar-me em bonzinho e ser pisado por pessoas como tu, Buster. Tu e os da tua reles laia têm manhas que pessoas como eu cheiram de longe. Por isso olho-te assim, com desprezo. Porque sei que mais dia menos dia pagarás por tudo o que fazes aos outros; e sim, pagarás apenas porque existem pessoas como eu, que acreditam no amor como eu acredito. Como uma coisa que existe concreta. Definida. Que se lute por ela. Último objectivo, sem disfarçes para jogos estranhos.

1.26.2006

Uma pausa

Sem dúvida é permitido uma pausa. Por muito que custe, é permitido parar. O tempo passa e se não pararmos não se entende o que se faz. Não se alcança aquilo que fazemos, o porquê de o fazermos. A angústia e o stress que constantemente a alta pulsação do sangue que corre nas veias não procuram nada mais a não ser o meu fim. Procuro coisas que me destroem? Talvez todos nós o façamos, embora eu pressinto esse caminho, essa tenebrosidade. Por dez segundos falho coisas que me afectam a vida inteira. Ao menos numa coisa já perdi : o tempo já me deixou estendido no chão há largos anos.

1.23.2006

Novos tempos

Switch to Homem na lua.

12.27.2005

Fatalidades

Há certas coisas que se sabe mesmo que vão acontecer um dia. Mais um exemplo. "Há sempre passageiros irresponsáveis que não respeitam as normas de segurança". Concordo. Não podia esperar um pouco para fumar. Outra coisa que acontece nos cacilheiros é quando as pessoas saltam para o cais ainda o barco está em movimento. Mais uma fatalidade se adivinha.

"Heroísmo dos mártires"

Com um peso na consciência, o papa fala para si próprio, evidenciando o que não fez da sua vida. Pois é, uns são mártires pela fé, outros são...papas.

11.25.2005

Inacreditável

Há coisas que só lembram ao diabo. Esta história da Daniela Mercury é um caso desses. Mas por favor alguém diga a essa gente que o mais importante não pode ser escondido e relegado para debaixo do tapete? É por coisas destas que sempre que se pensa na Igreja se pensa em preservativos, a tal arma do mal, que parece que salva vidas. Mas isso não interessa nada, já que parece também que o sexo é uma coisa má, apesar de ser natural. E humana. Há uma coisa que não entendo: condena-se a homossexualidade por ser contra as leis da natureza, e não se condena o celibato pela mesma razão porquê? Deve ser porque o natural se mede aos palmos, portanto. Voltando à Daniela, colocam uma pessoa que é católica devota e que tem manifestado em toda a sua vida uma lógica de caridade e misericórdia e ajuda aos pobres quase que fora da Igreja, mostrando uma insensatez inumana e uma estupidez galopante, já que todos os dias mais notícias de coisas destas aparecem. Qualquer dia teremos, como os antigos judeus, de andar com rolos de papéis com as 365 leis que começam com Não farás, Não podes, etc. O que acho giro é que os Black Eyed Peas, por exemplo, vão participar na mesma. Isso sim, são músicos de qualidade.
E outra coisa: deixem de ser hipócritas. Se querem dizer não e afastar pessoas que usem preservativos (mais do que apenas ser a favor), as igrejas só tinham no seu interior as velhas, que já não precisam disso.

Parece que há gente que gostou muito d'"O crime do padre Amaro"

A partir de agora também se aceita como padre indivíduos do sexo masculino que nutram um carinho muito especial pelo sexo oposto, sejam machos, ou com tendências disso, e quem apoie a cultura marialva. Finalmente se tornou claro que padres que amem mulheres no sentido mais estrito do termo podem e são catalogados pelos seus pares como apenas alguém com devaneios. Ora bolas, errar é humano, perdoar é divino, portanto perdoe-se aqueles que têm tendências naturais de partilha de leito conjugal.

11.16.2005

Coisas que apetecem

Hoje apetece-me viajar para um sítio bem longe, e ficar sentado a olhar o pôr-do-sol, a sentir o dia a acabar... Alguém se oferece para ir comigo?

11.14.2005

Pensamento de todos os dias

Os dias deviam ter 30 horas.

11.03.2005

Donnie Darko



É minha convicção que mais ninguém, para além de mim, possa ter adorado este filme. Não o acho por sobranceria ou outra coisa similar. Mas sim pelas particularidades que o filme contém. No fundo não é um filme sobre nada, quer dizer, não é uma história como um conto de fadas. è um filme sobre um estado de coisas, numa determinada pessoa. Não é hábito filmes assim. Neste aspecto penso até ser único. A questão é que cada pessoa que o vê acha que o filme é sobre uma coisa que não tem nada a ver com o que outra acha e a verdade é que podem as duas ter razão! A minha opinião é que filmes como este também se podem apreciar.
O facto do Donnie aparentar ser um esquizofrénico demente com alucinações e um amigo imaginário que o impele a fazer coisas estranhas apenas para ver o que vai suceder depois pode apenas ser aparente. Talvez seja uma possível frase resumo.

Dali não surreal



Ora bem, não sei o título deste quadro, mas não consigo identificar nenhum traço surreal aqui nesta pintura. Afinal os artistas não saem do berço moldados. Mais uma prova.

Sempre ausente

É o título de uma música do António Variações. É das músicas que mais gosto de ouvir.

diz-me que solidão é essa
que te põe a falar sozinho
diz-me que conversa
estás a ter contigo

diz-me que desprezo é esse
que não olhas p'ra quem quer que seja
ou pensas que não existe
ninguém que te veja

que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos

lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente

mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar

diz-me que loucura é essa
que te veste de fantasia
diz-me que te liberta
de vida vazia

diz-me que distância é essa
que levas no teu olhar
que ânsia e que pressa
que queres alcançar

que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos

lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente

mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas eu estou sempre ausente e não me conseguem alcançar

Gosto de a ouvir por várias razões. Uma delas porque me identifica. Em todos os versos, palavras e letras. Depois pela particularidade de estar a falar dele mesmo como se fosse outra pessoa. Essa espécie de imagem criada, teatro permanente, acção desconcertada também me identifica um pouco. A verdade é que também me sinto à parte, diferente dos outros, com uma dificuldade muito grande de identificação, tanto minha como dos outros. Também o sentido permanente de que falta algo, de que alguma coisa está errada...

Inundação

Hoje, no caminho de Charneca de Caparica até Corroios, vi uma situação de caos completo: berma de estrada abatida; estradas que mais pareciam rios; pedras gigantes no meio do caminho; e nada mais nada menos do que 5 carros com o motor avariado devido a tentarem passar pela água tal e qual os peixes. Claro que só autocarros conseguiam passar por ali. E no meio da confusão total, parece que não somos um país civilizado. É que não vi um único polícia, um único guarda a tentar resolver a situação do trânsito que ficou completamente parado, a tentar fechar as estradas para as pessoas não passarem, nada! Não entendo. Se não servem para resolver os crimes, ao menos tentarem resolver isto.